sexta-feira, 11 de março de 2011

Carta aos TBN´S, Gestores e demais comissionados Resgatar a APCEF em defesa de um projeto de banco público!

Prezados Colegas,


Acompanho a trajetória dessa empresa como Técnico bancário novo egresso do concurso de 2006, mas antes de entrar na empresa pude cumprir atribuições como assessor sindical, onde tive a função desde os idos de 2004 de colaborar com a organização dos trabalhadores dos bancos públicos, em especial os da Caixa Econômica Federal.

Não há a menor dúvida que a história dos trabalhadores desse banco, desde quando estavam enquadrados na condição de economiários é intensa e cheia de obstáculos e importantes lutas. Não é difícil encontrar na história recente, sob a gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso, exemplos fartos de cerceamento de liberdade organizacional e de ataque a estrutura da empresa, com vistas ao seu sucateamento e o preparo de sua privatização.


É fato que após 2003 os trabalhadores tiveram um novo ânimo em suas lutas, atuaram de modo mais firme para reaver do governo os direitos retirados, reconstruindo a cada greve a dignidade que lhe foi retirada em 8 anos de arrocho em que o país consolidava um rumo agressivo de desestruturação da maquina pública municiado conscientemente por uma gestão que tinha como eixo principal de sua condução uma visão ultra liberal do papel do estado.

Hoje, e é verdade, temos condições de nos organizar, refletir sobre os rumos dessa empresa e debater o seu papel valores e concepção. No entanto é nesse momento que o sindicato e demais entidades, como é o caso da Apecef devem estar firmes no trabalho sindical cotidiano, para entender profundamente quais as demandas existentes nos locais de trabalho e qual o impacto das pressões de mercado em um banco que por sua missão tem um papel evidentemente diferente das outras instituições financeiras do país. Eis o que reza a nossa missão e valores:

RH 103 v 021
Missão
Atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do País, como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado brasileiro.

Valores
Sustentabilidade econômica, financeira e socioambiental
Valorização do ser humano
Respeito à diversidade
Transparência e ética com o cliente
Reconhecimento e valorização das pessoas que fazem a CAIXA
Eficiência e inovação nos serviços, produtos e processos

A extensão dos conceitos presentes nestes quesitos de nosso normativo dão ao banco uma natureza própria que se diferencia das demais instituições financeiras que se pautam unicamente pelo lucro e pela adequação a intensificação da exploração por força das demandas de um mercado mundialmente unificado em que o mercado financeiro exerce um papel cada vez mais proeminente. Isso se reflete em nossas tarifas, no peso que ainda damos ao programas e projetos sociais como o “minha casa, minha vida” e na centralização das tão atribuições exclusivas como a administração das carteiras de FGTS e o papel indutor e de fomento presente na empresa.

Um papel dessa magnitude e importância deve se expressar de modo visceral no dia-a-dia de nossas atribuições funcionais, sendo construído além de uma cultura que eleve os trabalhadores a outro patamar de consciência a uma pratica que se torne evidente e prime pela solidariedade e não pela concorrência, pelo respeito aos trabalhadores e não pela sua exploração evidenciada por uma política agressiva de venda de produtos muitas vezes não compatíveis com o perfil da ampla maioria do público alvo de nossa empresa.
Os gestores sabem o resultado dessas mudanças no seu dia-a-dia de trabalho, vivem na pele um assédio permanente medido a cada reunião de sintonização de metas o que cria uma concorrência permanente para defender uma comissão que foi conquistada pela competência aferida em sua história do banco. O movimento tem que defender a carreira de modo concreto garantindo a integração gradativa da comissão de modo proporcional ao tempo em que ela for exercida.

 A disputa entre o velho e o novo, entendendo o novo como superação das amarras do atraso, evidenciado numa sociedade como a nossa, pelo controle do mais forte economicamente sobre o pobre que tem ao seu dispor apenas o trabalho, torna-se a cada dia uma necessidade para uma empresa pública com o papel existente na CAIXA.

Na condição de trabalhadores, com maior ou menor história nessa empresa estamos situados num campo próprio: o de vendedores de nossa força de trabalho. Desse modo construímos a nossa vida, com o desgaste físico e psicológico que ao final é remunerado pelo salário e por outras condições conquistadas por uma longa trajetória de organização. Essas condições ganham um sentido social na medida em que há valorização do trabalho e melhores condições sociais para a sua execução. Em se tratando de um papel público e social como temos enquanto missão é inconcebível que a lógica interna de gestão esteja voltada para a produtividade e ganho de escala a qualquer custo, por que necessariamente esses conceitos se confrontam com o item “valorização das pessoas que fazem a Caixa.”

Esse papel de organização e luta sempre foi incumbência dos trabalhadores organizados de modo autônomo em suas entidades. Só através dessas atribuições é que podemos ter uma inteligência coletiva a serviço do trabalho. E muitas vezes as demandas dos trabalhadores se chocam com os objetivos da empresa, e quando os empregados assumem consciente e independentemente o seu papel, numa empresa pública o resultado sempre é progressivo.

No último período não foi isso que ocorreu. Assistimos uma grande confusão entre o papel dos nossos sindicalistas e o papel do governo ou do partido que os dirige. Os fundos de pensão, as entidades sindicais e a empresa se transformaram em uma grande “holding” deixando um vácuo na organização do trabalho e no diagnóstico das conseqüências produzidas a cada reestruturação. A reestruturação produtiva é um processo ditado, conceitualmente, pelas demandas do mercado, seu objetivo tende a ser centrado numa maior produtividade, o que também por conceito, amplia a intensidade de trabalho e amplia o grau de exploração dos empregados. No entanto, existe um patrimônio construído por nos que deve ser defendido! Uma inteligência e princípios de organização funcional que foram forjados a luz de todo esse trabalho público que essa empresa vem construído ao longo de sua história. É necessário admitirmos que o atual projeto de reestruturação impõe a gestores e empregados uma lógica excludente sob um ambiente de pressão que se torna incompatível com o papel que os próprios gestores devem exercer em sua margem de atuação, no relacionamento com os clientes.

A mudança do conceito de atendimento, a reorganização do trabalho, a mudança nos layouts, na quantidade de empregados lotados, nas exigências normativas para o exercício de funções se torna uma padronização extensiva que, muitas vezes, não se adequa às condições de trabalho existentes nas unidades, trazendo um ambiente de desilusão, concorrência e dor.

Queremos o apoio dos empregados sem função, gestores e demais comissionados para disputar a concepção de banco que está por vir. Queremos o apoio para resgatar o papel das CIPAS, e dos Delegados Sindicais, como institutos legítimos que devem ser impusionados e valorizados por todo corpo funcional. Queremos o apoio para separar o nosso papel enquanto trabalhadores e as nossas necessidades funcionais das demandas da empresa sempre que essas forem prejudiciais as nossas vidas enquanto empregados. Queremos um apoio resgatar o movimento sindical que nos trouxe até aqui e que hoje se encontra preso em gabinetes institucionais negociando os nossos direitos a troco de benesses superficiais. Queremos o apoio de todos para construir uma luta ativa em defesa de nossa carreira, contra qualquer discriminação, para derrubar toda e qualquer censura aos nossos colegas sejam elas existentes por compreensão ideológica ou por opção de plano de previdência. É um absurdo que os colegas que não saudaram o Reg-Replan estejam impedidos de assumir funções em sua carreira. E por fim é um grande absurdo, fruto do velho e ainda existente entre nós que os nossos salários estejam tão defasados historicamente e que os colegas ingressos no banco após 1998 ainda percebam diferenças de direitos em relação aos demais colegas que dividem ombro a ombro as tarefas funcionais dentro da empresa! A luta por isonomia deve ser uma prioridade e, mais que uma bandeira, uma questão de justiça!

Há muito o que fazer! E precisamos da nossa entidade viva! Acompanhando a dinâmica de nosso trabalho. Diagnosticando cada passa da nossa realidade e pronta para atuar em nossa defesa! É para isso que queremos resgatar a APCEF, para construir uma entidade autônoma democrática e combativa! Participe você também dessa retomada!



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